O que é Cultura de Paz?

Enquanto movimento, a Cultura de Paz iniciou-se oficialmente pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) em 1999 e empenha-se em prevenir situações que possam ameaçar a paz e a segurança – como o desrespeito aos direitos humanos, discriminação e intolerância, exclusão social, pobreza extrema e degradação ambiental – utilizando com principais ferramentas a conscientização, a educação e a prevenção.
De acordo com a UNESCO, a cultura de Paz “está intrinsecamente relacionada à prevenção e à resolução não-violenta de conflitos” e fundamenta-se nos princípios de tolerância, solidariedade, respeito à vida, aos direitos individuais e ao pluralismo.
Nas palavras de Hamilton José Barreto de Faria (2002):
“Entendemos como cultura de paz a consciência permanente de valores da não-violência social. A cultura da paz vai mais longe do que construir a paz. Cultura da paz não é simplesmente ausência de guerra. É diferente também da passividade e da resignação. A cultura da paz não elimina oposições ou conflitos, mas pressupõe a resolução pacífica dos conflitos. E resolver os conflitos sociais de forma pacífica é uma mudança radical nos paradigmas que dão sustentação ao atual modelo civilizatório.” (grifo meu)
Já quanto à base da Cultura de Paz e seu ponto de partida, afirma:
“Rejeitar a violência é a base da cultura da paz. (...) A cultura da paz rejeita a violência física, sexual, étnica, psicológica, de classe, das palavras e ações. (...) O ponto de partida desta cultura é a cooperação com a comunidade dos seres vivos e o desenvolvimento interior das pessoas.”
Em relação a sua origem, apesar do movimento de Cultura de Paz ter sido iniciado com a fundação da UNESCO em 1945 (ADAMS, 2003), o termo foi cunhado oficialmente pela primeira vez em 1989 através da Declaração de Yamoussoukro, elaborada durante a Conferência Internacional sobre a Paz na Mente dos Homens na Costa do Marfim.
Em 1995 a Cultura de Paz foi adotada como Programa da UNESCO, sendo em 1998 proclamado o ano 2000 como o Ano Internacional pela Cultura de Paz e proclamado o período de 2001-2010 como a Década Internacional pela Cultura de Paz e Não-Violência para as crianças do Mundo.
Atualmente, a Cultura de Paz é promovida por diversas organizações ao redor do globo, sendo o Brasil o país com maior número de instituições com projetos descritos no relatório da Fundación Cultura de Paz (77 instituições), seguido pelos EUA com 45 instituições e Argentina com 32 instituições (Fundación Cultura de Paz, 2005).
De acordo com David Adams, um dos ícones da Cultura de Paz no mundo, a Cultura de Paz tem como base 8 pilares:
1. Educação para uma Cultura de Paz;
2. Tolerância e Solidariedade;
3. Participação Democrática;
4. Livre fluxo de Informações;
5. Desarmamento;
6. Direitos Humanos;
7. Desenvolvimento Sustentável;
8. Igualdade entre gêneros.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. ADAMS, David. História dos Primórdios da Cultura de Paz. 2003, 5 p. Disponível em
2. ASSOCIAÇÃO PALAS ATHENA. Valores que não tem preço: textos para aprofundamento e reflexão. São Paulo: Editora Palas Athena.. 87 p.
3. DECLARAÇÃO YAMOUSSOUKRO. Declaração sobre a Paz na Mente dos Homens. Yamoussoukro: 1989. Disponível em
4. MANIFESTO 2000. Manifesto 2000 por uma Cultura de Paz e Não-violência. Paris: 1999. Disponível em
5. MANIFESTO DE SEVILHA. Declaração de Sevilha sobre a Violência. David Adams e outros. Sevilha: 1989. Disponível em
6. UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). Declaração e Programa de Ação sobre uma Cultura de Paz. Resolução 53/243 de 06 de outubro de 1999. Disponível em
7. UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). Movimento Global para o ano Internacional da Cultura de Paz. Disponível em